Petrolina
– Sem técnico, sem elenco formado, sem presidente. A situação do
Petrolina assusta. Que se diga: está longe de ser digna de um time dito
“profissional”. Das 12 bolas que os 22 atletas tinham para treinar, oito
furaram. Restam quatro para todo tipo de trabalho. Água para os jogadores beber,
só a do filtro “cansado de guerra”, que fica estacionado ao lado dos banheiros,
embaixo das arquibancadas do estádio Paulo Coelho. O roupeiro se encarrega todos
os dias, religiosamente antes dos treinos, de encher as garrafas para os
atletas. Prevalece a boa vontade. O desejo de reverter o quadro e jogar o
Campeonato Pernambucano. Desejo que não é suficiente por si só. Em meio a todo
esse calvário, ainda sobram as incertezas. A equipe ainda não está sequer
inscrita na competição.
A situação do Petrolina é fruto de uma série de
pequenas falhas na gestão do clube. O mandato do presidente Antônio Carlos
Benevides acabou no fim do ano passado. Por falta de candidatos para assumir o
clube, como explica o mandatário, ele se disse obrigado a permanecer à frente do
time temporariamente. Resultado: não apareceu um novo presidente e a situação
chegou no seu limite. Parte da equipe que jogou a última Série D ainda tem
salários a receber. A Fera Sertaneja hoje não tem nada em caixa. Pelo contrário.
“Temos três ações trabalhistas que bloquearam algumas de nossas fontes (algo
estimado em R$ 100 mil)”, disse Benevides.
O time
voltou a treinar hoje depois de ter cruzado os braços desde quinta-feira à
espera de uma definição. “Infelizmente precisávamos de um posicionamento, de uma
resposta para continuar os trabalhos com segurança, passando isso para os
jogadores. Precisamos de garantias para trabalhar, de condições. Mas acredito
nesse grupo e que faremos um bom Estadual ainda”, disse o preparador físico que
está à frente dos treinos do time, Gilberto Feitosa.
Novo
presidente
As lágrimas incontidas pelo presidente hoje
interino vieram em seguida. Como se fora uma forma de extravasar um pouco a
pressão que recai sobre ele e a problemática da gestão do clube, ainda sem
solução. “É uma carga de pressão muito grande. Não tem ninguém para ajudar. Vou
entrar em contato com o presidente da Federação (Evandro Carvalho) para ver o
que ele pode fazer por nós. Mas tenho fé que isso vai passar. Estamos contatando
alguns empresários”, otimizou. Benevides ainda justificou que o grande entrave
para a situação atual do Petrolina foi justamente à classificação à última Série
D. “Passamos 40 dias parados, os patrocinadores saíram, ficamos aguardando uma
compensação da CBF que nunca veio e ficamos desse jeito.”
Um dos nomes que surgiram para assumir a Fera
Sertaneja foi o de Henrique Rocha – irmão do ex-zagueiro da Seleção Ricardo
Rocha. Ele, inclusive, chegou a dar entrevista a uma emissora local como novo
presidente. O fato, apesar de não ter sido concretizado, ainda não está
totalmente descartado. “Não tem possibilidade de eu ficar. A não ser que não
apareça ninguém mesmo. Mas vai aparecer. Quero continuar ajudando, mas de fora”,
pontuou Benevides. De acordo com o mandatário interino, o clube não tem sócios,
é uma espécie de “clube empresa”. Sem dinheiro.